quarta-feira, 26 de julho de 2017

De que vale seu cabelo liso e as ideias enroladas dentro da sua cabeça

Olha nós aqui de novo. Eu e você, você e eu, enfim se conectando para conversa.

E nossa prosa de hoje é bem profunda, por que não dizer de raízes.... Sim é uma raiz que se não for violenta, não sei nem como dizer que é.
Tá vamos lá.... No começo Deus crio a terra, os animais, os oceanos, o homem, a mulher... Eitaaaaa! Não tem nada a ver com isso. Ah loca rsrs!
Bom faz tempo que não escrevo, a minha última história foi sobre a desconstrução de ambientes opressores, mas de lá pra cá muita coisa aconteceu. Euzinha mudei foi muito. Na verdade estava e estou passando por um processo de transição. E quem é que não está né verdade? E tenho muitas coisas para contar. Mas vamos por partes.

Hoje quero dizer de uma transição, que parece ser estética mais não é. Como comecei falando, tem a ver com raízes, e também com reconhecimento e identidade. A organização dessa sociedade colonial, nos impõe um padrão. E como sabem quem não está dentro, principalmente quando se é criança, acabamos por sofre e sermos vítimas de violência. Dentre as reflexões que tenho feito e aprendido a ler criticamente esse mundo que nos cerca, eu fui percebendo que minha aparência não estava condizente como quem de fato sou: Mulher, negra e periférica, resolvi não ter mais o cabelo que tinha.

Pode parecer simples, mas não é. Desde muito nova mamãe alisava meus cabelos, com a desculpa de que era mais fácil para ajeitar, mas, na verdade ela queria me poupar de chacotas nas escolas, por eu ter o cabelo crespo. Quem nunca ouviu na escola alguém dizer apelidos e brincadeiras sobre os cabelos de pessoas negras que ofende e desvalorizam a essência da estética negra, que atire a primeira pedra. Ops...Pare, stop! Nada de atirar nada em ninguém!

Isso está relacionado ao embranquecimento da população negra, uma forma de nos fazer acreditar que realmente éramos inferiores, que nosso cabelo era ruim e que tínhamos que ser o mais próximo possível do branco, mas ruim é o racismo. Nosso cabelo é uma raiz profunda que nos conecta a uma história de muita força e resistência

Depois do boom de alisamentos definitivos e progressivos que surgiram nos anos 2000, as donas de fios alisados, assim como eu, começaram a se questionar: “Será que eu aliso meu cabelo para ter mais facilidade no dia a dia ou para me incluir em um grupo que é imposto pela sociedade?”. Se você prefere o visual liso, tudo bem, não há problema nenhum nisso afinal temos autonomia de transformar o nosso corpo, mas, se você passou a fazer isso para se enquadrar em algum padrão é importante refletir se isso realmente te faz feliz.

Quando me perguntei isso, adivinhem: Eu não estava nada feliz.

Aí você deve tá pensando: - Mas Ana, isso tudo é muito viagem sua.

Eu lhe respondo: Será?

Hoje pode até parecer que ser negra e negro está na moda, mas são anos de luta e resistência para que possamos assumir nossa negritude da forma que mais nos agrada. E assim foi que fiz, de novembro pra cá, tenho feito o processo de transição.

Mas o que realmente é a tal transição capilar? Nada mais é do que o processo que seu cabelo dá tchau para a química até crescer totalmente e chegar ao natural. Vale lembrar que, acima de tudo, a transição também é uma forma de aceitação do seu fio. Se você fazia relaxamento, permanente, escova progressiva ou qualquer outro tipo de alisamento químico ou mecânico e agora decidiu parar, pois bem, isso significa que você está em transição.

Enfim, hoje tô mais black, e mais power também. Desenrolei as ideias dentro da minha cabeça. Aproveitando que  foi dia da mulher negra latina e caribenha, escolhi mostra a todos vocês meu novo visu. Em baixo estão as fotos de todo o processo. Na verdade de parte do processo. E aí vocês curtiram? Deixa seus comentários bjos








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